sábado, 30 de março de 2013

O SAMBA QUEBRADO - Dançando com Fuzuê das Artes


O que caracteriza o samba de salão? Poderíamos responder que se trata da execução de sequências de passos por um casal onde o cavalheiro induz a dama a responder à sua condução, ao som da música também denominada samba. Os mesmos passos são executados por todos os casais, e o que diferencia os dançarinos entre si é a evolução do passo. Quanto mais evoluído, maior a dificuldade na execução e essa dificuldade é determinada pelas variações que cada dançarino ou dançarina executa dentro do passo, sem desvirtuá-lo. Outra coisa que pode ainda diferenciar um dançarino ou uma dançarina dos demais é a capacidade de desenvolver um estilo próprio de dançar. Esse estilo pessoal seria o “tom” que o dançarino e a dançarina impõem à sua dança, pequenos detalhes que fazem a diferença diante das limitações impostas pelo repertório de passos existentes no samba, dos quais citamos aqui os mais utilizados: gancho, cruzado, puladinho, giro duplo, chapéu, giro da dama, Romário, facão, elástico, ioiô, pescaria, Ronaldinho, letra, assalto, puladinho .
Há que se levar em consideração que além dos estilos pessoais, determinados dançarinos acabam por estilizar sua dança, adequando-a aos estilos musicais dos sambas. Assim surgiu o samba funkeado ou “rasgado”, desenvolvido por Jimmy de Oliveira e o Samba Quebrado, desenvolvido por Eduardo Moura. Este último, em suas preleções nas aulas, cursos e workshops, afirma (e também demonstra) que há cinco professores e dançarinos de samba, com estilos pessoais que se tornaram escolas ou tendências, são eles: Carlinhos de Jesus, Jimmy de Oliveira, Jaime Arouxa, Carlos Bolacha e ele próprio, Eduardo Moura.
O interessante é que ao vermos um casal desconhecido dançar, somos capazes de identificar a que escola pertence a dança do casal, se conhecemos o trabalho dos artistas citados acima. O que é necessário ficar claro aqui é que há espaço para todos esses estilos e é isso que enriquece nossa cultura.
Foi a partir do ano 2000, que Eduardo Moura começou a se inquietar com um novo tipo de música que surgia, porém não conseguia adequar sua dança àquela música. Esse incômodo com a inadequação dos passos que conhecia ao estilo musical que estava surgindo, fez com que o jovem Eduardo iniciasse um processo de pesquisa, até conhecer um movimento, chamado base quebrada, em 2005. A base quebrada foi, portanto, o passo que trouxe a Eduardo Moura o modelo para o desenvolvimento do seu estilo. Chamou samba quebrado ao seu estilo, pois ele interrompe, quebra, a sequencia esperada do passo, invertendo a direção do movimento, ou realizando um desenho diferente do esperado. O samba quebrado permite aquilo que nos outros estilos seria chamado de erro.
No entanto, Eduardo Moura faz questão de ressaltar que os dançarinos devem estar atentos para não cometerem a gafe de dançar o samba quebrado ao som de sambas mais tradicionais, como o samba canção, bossa nova, pagodes, pois o estilo não combina. Sua beleza está exatamente no casamento com o samba hop e com o samba rock.
Ultimamente temos visto, na internet, vários vídeos denominando samba quebrado ao samba funkeado de Jimmy de Oliveira. Isto se deve ao fato de algumas pessoas ainda não conseguirem fazer bem a distinção entre os dois estilos.


Por: Zilda Montenegro (blog Falando de Dança)

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