quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

ACONTECE NESTA SEXTA-FEIRA (20/02) A ABERTURA DA EXPOSIÇÃO “Linhas e traços, caminhos e trajetórias” mostra o talento de quem tem a arte na veia, no MUSEU HISTÓRICO DE MT

MT Criativo e Museu Histórico realizam exposição de desenhos
“Linhas e traços, caminhos e trajetórias” mostra o talento de quem tem a arte na veia

A vontade de fazer arte é igual a uma menina travessa, que belisca e remexe no coração de algumas pessoas, ainda que elas não sejam ou não se considerem “artistas”, ainda que tenham seguido outro rumo na vida. Depois de tomar coragem, estas pessoas se encontram pintando, desenhando, criando/transmitindo arte da forma mais natural e possível, com os materiais de que dispõem. A isto se chama transformação.

Para mostrar um pouquinho desta relação de intimidade com o fazer artístico, a Incubadora Mato Grosso Criativo/SECEL-MT e o Museu Histórico de Mato Grosso trazem para Cuiabá a exposição “Linhas e traços, caminhos e trajetórias”, uma interessante reunião de desenhos produzidos por uma bióloga (Jamylle de Souza), um arquiteto (Thadeu Palácio), um designer (Aluisio Marinho) e uma jornalista (Marisa Batalha). Seu processo criativo, sua história e sua sensibilidade poderão ser conferidos no Museu entre os dias 20 de fevereiro e 20 de março, com entrada franca.

O estímulo à expansão da produção artística do Estado é uma das metas da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (SECEL-MT), conforme explica a coordenadora de ações artístico-culturais da pasta, Cinthia Mattos. Para isso, a realização de parcerias com coletivos e artistas deve ser freqüente. “Ações como esta vêm de encontro à meta da SECEL de estimular a expansão da arte no Estado, de fomentar e apoiar o artista. Estamos abertos a construir junto com eles um calendário de ações para dar ainda mais visibilidade à sua produção”. 

A abertura da exposição acontece com o tradicional sarau cultural do Museu, no dia 20, às 19 h, local Museu Histórico de Mato Grosso, e ela permanecerá aberta à visitação até 20 de março, de terça a quinta (das 8h. às 12h. e das 14h. as 18 h), sexta (das 8h às 12 h e das 14 h. às  22h), sábado (das 8 h. às 17 h.) e domingo (das 8 h. às 12 h.).

Quem são os expositores

A bióloga
“A arte me consola enquanto a Biologia me amola. E quando o inverso acontece, ...derramo cores e sons - assim nascem ‘as figurinhas’”. Mostrando também ser poetisa, a bióloga com especialização em Docência do Ensino Superior Jamylle de Souza explica sua relação com a arte como algo que sempre existiu em sua vida, embora não saiba dizer em que momento começou a desenhar.

Nascida em e crescida em Mato Grosso, ela conta que passou muitos anos circulando entre diversos estados amazônicos, e recentemente mudou-se para Manaus. Ligada em música desde criança – quando, no berço, seu pai a embalava ao som de um radinho e um violão - ela começou desenhando “bailarinas tortas, roupas estranhas e rostos que mais pareciam mapas”.

Quando se tornou bióloga, a solidão da mata amazônica tornou-se refúgio de inspiração para seus desenhos. “A Amazônia me trouxe tantos sentimentos, sensações fortes e indescritíveis, que fotos de paisagens com araras e enormes trechos de florestas verdes jamais seriam suficientes para descrever. As dores, a liberdade, o silêncio, os animais, cachoeiras, barracas, comunidades tradicionais e a grande briga legislativa entre desenvolvimento e preservação”.

A relação com a arte é puro instinto, já que Jamylle não tem qualquer tipo de formação na área. A inspiração vem de Tarsila do Amaral, o segredo é “fugir do teórico”. “Meus desenhos são apenas sentimentos. Não seguem regras... são as regras que os seguem”. 

As "figurinhas", como ela as chama, têm como marca principal as cores fortes e bem marcadas, complexas como os sentimentos, retratando, segundo ela, um momento no tempo e no espaço. “É divertido ver a leitura que cada um faz da mesma imagem. Essa ‘simples complexidade’ e que nos remete a lembrar que a beleza da arte está aí: no sentimento”.

A jornalista
Entre uma pauta e outra, muita arte. Assim tem sido o cotidiano da jornalista mineira Marisa Batalha, diretora de Redação do jornal Folha do Estado, em Cuiabá, onde vive há 20 anos.

Natural de Juiz de Fora, já atuou nos principais veículos de comunicação dentro e fora de MT, tendo atuado também como assessora de imprensa em diferentes órgãos governamentais e não governamentais.

Mestranda em Educação, Política e Movimentos Sociais, na UFMT, desde cedo desenha, uma inspiração que contagia toda a família, tendo lugar especial a irmã, Meire Batalha, que também desenhava em estilo HQ, e que conviveu durante a infância com a artista plástica Lúcia Picanço, na cidade mineira de São Geraldo. Na época, adorava também escrever e desenhar, buscando nas linhas as imagens de rostos.

Apaixonada pelo Cubismo, tem como ídolos Pablo Picasso e Paul Cèzanne. Entre as principais realizações de sua vida como artista, ela destaca a Feirinha Cult-Arte Solta , que aconteceu há alguns anos na praça da Mandioca, aos domingos, “um cenário lindo, com vários artistas pintando, gente chegando, artesãs colocando seus produtos junto aos nossos. Foi o máximo”, relembra. O projeto era coordenado por Zeilton Mattos e Lúcia Picanço.

Desta rica convivência, revelou-se a artista. “Um dia, como quase tudo se inicia, em uma brincadeira, Zeilton me pediu que desenhasse enquanto ele tomava banho. Ao sair e tendo visto meus traços, me disse: você é uma mulher multifacetada. É hora de colocar esta artista prá fora”. Daí para a ação, foi um pulo: a inspiração inicial foram os símbolos de Zeilton, como o galo, a galinha de angola. E não parou mais.
Quem disse que é impossível conciliar jornalismo e arte? “Se o jornalismo diário é uma guerrilha, uma busca incessante, rápida atrás da informação, os artigos, as matérias sobre arte, a observação eterna da beleza dos traços, acabam transformando dois trabalhos em amigos, cara-metade,  parte um do outro”.

Para ela, a arte é paz de espírito, resultado da busca por uma vida mais fôlego. Não há como conceituar sua arte, apenas como realizá-la. “Voltar a desenhar foi encontrar um pedaço do paraíso em meio a um mundo de aflições. Me trouxe um pouco de paz. Encontrei meu pedaço de paraíso, nesta terra estéril que temos vivido. Quebrando distanciamento, unindo a observação com o fazer artístico. Um ato fenomenológico”.

O designer
Por outro lado, o desenho não é uma novidade tão grande assim para Aluisio Marinho, que atua profissionalmente como designer de interiores e gráfico. A imagem sempre foi seu instrumento de trabalho.
Mas foi ainda durante a faculdade de Design, que cursou na cidade de Goiânia (GO) que se encantou pelas Artes Plásticas. Desta paixão, surgiram as primeiras obras, que ele timidamente apresentava apenas às pessoas mais próximas. 

A mudança para Maringá, no Paraná, trouxe novos desafios e também inspiração para ampliar sua produção artística.
De volta à cidade de Barra do Garças (MT), decidiu se filiar à Associação de Artesãos e Artistas Plásticos do Vale do Araguaia (Valearte) - da qual hoje é presidente - daí surgindo convites para exposições e feiras na região.  

A vocação artística se expandiu. Em 2010, participou da Exposição “Flores e Frutos do Cerrado”, entre outras organizadas pela Valearte entre os anos de 2011 e 2012. Quem diria? Em 2013, foi escolhido como artista exclusivo da exposição “Cores e Linhas”, expondo mais de 40 obras.

O ser humano, suas paixões e emoções são sua principal inspiração. Com esta temática, esteve entre os participantes da exposição “Awuê – Araguaia”, como o foco principal nos índios da região do Vale do Araguaia, realizada pela Valearte e pelo MT Criativo no ano passado em Cuiabá. “Meus trabalhos são baseados principalmente nas emoções humanas, busco utilizar das cores para dar vida e movimento às obras, enfatizando ainda mais a ‘sensação’ de movimento”.

O arquiteto
Linhas, formas e traços sempre foram a “praia” do arquiteto Thadeu Palacio, que, depois de anos de estudo, tentativas e amadurecimento do traço, decidiu apostar em sua “veia” de artista plástico.  Um dos fatos determinantes para isso foi sua participação, em julho de 2013, no Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), na cidade de Goiás Velho (GO). “Ao longo de uma semana estive em contato com diversos tipos de fazeres artísticos e consegui amadurecer uma relação entre a arquitetura colonial com casas feitas em adobe, telhas de barro, os morros e as ladeiras da cidade e linhas e traços aplicados em quadros ou telas, como se libertasse nestes momentos espaços para a manifestação de capacidades antes não visitadas”.
Daí por diante, realizou-se definitivamente a ligação entre arquitetura e artes plásticas. Ele se diz um apaixonado por observar pessoas e comportamentos, e buscou neste hábito (ao observar como as pessoas se apropriam do espaço) a inspiração para criar mais e mais optando pelo caminho do estímulo ao pensar, à imaginação de quem vê. “Quando me dizem que estão vendo algo que não havia planejado em meus desenhos, sinto que o objetivo está sendo alcançado”.

Como para ele, a Arquitetura “é uma forma de arte”, os estudos acadêmicos o ajudaram na busca pelo traço perfeito e do acabamento exclusivo para suas obras. Mas não há como conceituar seu fazer. “A conceituação, a meu ver, pode ser vista como algo limitador, pois posso tentar descrever e explicar o meu fazer artístico, porém gosto que seja um processo constante e ou contínuo de evolução. O objetivo é que as pessoas descansem os olhos sobre obras que tragam sentimentos inéditos”.

O cuidado com a harmonia das formas e cores é uma das marcas de Thadeu Palacio, que busca em sua arte aliar ordenação racional e intuição, estimulando a criação de obras que geram sentimentos positivos no artista e (quem sabe?) nas pessoas. “Arte é um modo de vida, uma prática que precisa estar acessível a pessoas leigas, pessoas das mais variadas profissões.”

Fonte: Neusa Baptista  - Comunicação – MT Criativo

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